Dr.Fabiano Rebouças
SLAP lesion é a sigla de Superior Labral Anterior and Posterior lesion. É a lesão do lábio superior da glenóide no local da origem do cabo longo do tendão do músculo biceps braquial.
ANATOMIA
O lábio glenoidal é muito bem vascularizado pelas artérias supraescapular, subescapular e circunflexa posterior, exceto na sua porção ântero-superior, o que pode ser uma das causas destas lesões, principalmente das degenerativas.
FISIOPATOLOGIA
-Forças de tração geradas pelo tendão bicipital no lábio da glenóide podem ocasionar estas lesões.
-Após lesão a contínua contração bicipital pode contribuir com a falha da cicatrização local, bem como a pobre vascularização desta região.
-É mais comum em atletas jovens arremessadores.
MECANISMO DE TRAUMA
-Trauma clássico: trauma do membro em abdução de 30o e flexão de 70o com cotovelo em extensão.
-Queda com o braço em flexão comprimindo a articulação enquanto o bíceps contrai.
-Mecanismo de peel-back e de tração (arremessadores): o arremessador aumenta progressivamente com o treinamento a capacidade de rotação externa para aumento da força do arremesso, ocasionando assim uma torção bicipital no seu local de origem no lábio glenoidal, podendo ocasionar seu descascamento posterior (peel-back) que com a seqüência do arremesso ira continuar a lesão para região anterior.
-Trauma em hiperflexão.
DOENÇAS ASSOCIADAS
-Contratura capsular póstero-inferior: aumento do stress labral póstero-superior
-Impacto póstero-superior da glenóide
-Lesão de Bankart (22%)
-Instabilidade glenoumeral (9%)
-Lesão do manguito rotador (completa 11% e parcial 29%)
-Cisto supra-glenoidal (pode comprimir o nervo supra-escapular)
CLASSIFICAÇÃO DE SNYDER
-Tipo 1: degeneração do lábio superior da glenóide
-Tipo 2: destacamento do tendão bicipital e lábio superior da glenóide / é o tipo mais comum / conhecido como “thrower’s slap”
-Tipo 3 : lesão do lábio glenoidal superior em alça de balde
-Tipo 4: lesão do lábio glenoidal superior em alça de balde com extensão para o tendão bicipital
QUADRO CLÍNICO
-Dor inespecífica com “clik doloroso”
-Quadro de instabilidade glenoumeral
-Síndrome do “dead arm” ou síndrome do braço morto em que ocorre perda súbita da força do membro no movimento de arremesso
-Melhora ao repouso
-Diagnóstico de exclusão (diagnóstico clínico muito difícil)
-Palm up ou Speed test
-Teste de O’Brien
-Teste do SLAP
-Teste do deslizamento anterior
EXAMES COMPLEMENTARES
A ressonância nuclear magnética pode fazer o diagnóstico, porém pode ser confundido com variações anatômicas, com alto índice de falso-positivo e falso-negativo. A artro-ressonância nuclear magnética é o exame de escolha, porém o diagnóstico final é dinâmico por via artroscópica e vizibilização direta da degeneração local e/ou dois sinais principais:
-Sinal do drive-through: a passagem da ótica pelo espaço glenoumeral é fácil e observa-se afastamento da cabeça umeral em relação a glenóide.
-Sinal do pell-back: ao movimento de rotação externa observa-se o afastamento dinâmico do lábio glenoidal do ápice da glenóide maior que 0,5 cm.
TRATAMENTO
Conservador: é o tratamento inicial de escolha nos tipos 1 e 2 com fisioterapia de fortalecimento para estabilização dinâmica.
Cirúrgico: na falha do tratamento conservador ou para os tipos 3 e 4, e nos casos de cisto glenoidal com compressão do nervo supraescapular. O tratamento é artroscópico para debridamento (tipo 1 e 3) ou reinserção do lábio glenoidal (tipos 2 e 4). A tenotomia com ou sem tenodese pode ser uma alternativa para pacientes idosos.
COMPLICAÇÕES
-Re-lesão
-Pull-out das âncoras
-Capsulite adesiva
-Rigidez pós-operatória (falha técnica)
-Lesão condral / condrólise
-Lesão nervosa