matéria publicada na Revista CARAS - Dr.Fabiano Rebouças
O cotovelo é uma articulação do tipo dobradiça, ou seja, que permite aos seres humanos abrir e fechar os braços. A articulação possibilita também que os braços façam movimentos de rotação para dentro e para fora. Os cotovelos são articulações fundamentais para a sobrevivência humana, porque permitem que as mãos peguem os alimentos e os levem à boca.
Nos cotovelos se unem três ossos: o úmero, no braço, que se liga ao ombro e ao antebraço; e o rádio e a ulna, no antebraço. É a ulna, que se liga ao braço. O rádio, por sua vez, se entrelaça na ulna para que todo o conjunto possa fazer os movimentos de rotação. Os cotovelos são tanto áreas de passagem de nervos, músculos e tendões que se estendem ao longo dos braços, quanto neles se originam outros tendões que vão para os punhos e as mãos. Um emaranhado de ligamentos "amarra" o conjunto, protegendo-o e dando-lhe estabilidade. Mas os cotovelos, infelizmente, podem ter problemas e doenças. Os problemas mais frequentes na articulação são as lesões ligamentares, as luxações e as fraturas, que resultam sobretudo de quedas e acidentes. Já as doenças mais comuns, que se formam ao longo do tempo, são as epicondilites; a artrose; e a bursite olecraniana.
* Epicondilites. Caracterizam-se pela degeneração da protuberância medial, ou interna, e lateral, ou externa, dos cotovelos. A epicondilite lateral, vale destacar, é a doença que mais ocorre nos cotovelos. Era comum no passado em jogadores de tênis na grama, por isso é conhecida também como cotovelo de tenista. A causa são os esforços repetitivos nos músculos dos braços e dos cotovelos, que favorecem a formação de microtraumatismos e a consequente degeneração. Por volta de 5% dos casos de epicondilite lateral são em tenistas e praticantes de squash e golfe e os 95% restantes em pessoas comuns, em especial as que fazem esforços repetitivos e usam equipamento maldisposto, como digitadores, jornalistas, escritores, dentistas, operários, donas de casa e profissionais de limpeza. O sintoma é: dor na lateral do cotovelo que irradia para o antebraço. Nos casos mais graves, pode haver perda de força no braço.
* Artrose. Caracteriza-se pelo desgaste progressivo da cartilagem do cotovelo. Ocorre mais na mulher a partir dos 60 anos. As causas podem ser genético-hereditárias, lesões, fraturas antigas, entorses, traumas e estresse mecânico constante. Os sintomas são: dor, aumento do volume, crepitação e limitação dos movimentos. Com o avanço da doença, eles podem se manifestar até em repouso.
* Bursite olecraniana. Caracteriza-se pela inflamação da bursa, uma espécie de bolsa com líquido sinovial que protege a ponta dos ossos de todo o corpo -- neste caso, do osso olécrano, na ponta do cotovelo. A causa é o apoio excessivo do cotovelos em superfícies duras. Os sintomas são: aumento de volume, calor local, dor e flutuação do líquido.
* Fraturas. Podem ocorrer com qualquer pessoa, mas são mais comuns em mulheres portadoras de osteoporose, por exemplo. Em geral não estão relacionadas com traumas diretamente nos cotovelos. Uma simples queda de uma bicicleta com a mão espalmada, que pressione o cotovelo, por exemplo, pode fraturar a articulação.
* Instabilidades. Resultam de traumas ou do uso errado da articulação tanto ao trabalhar com um computador mal posicionado quanto ao praticar esportes.
O processo de formação da instabilidade é este: o ato errado leva ao afrouxamento, até ao rompimento dos ligamentos. Os sintomas são: insegurança ao usar o cotovelo e dor.
O ideal, claro, é tomar cuidado ou mesmo se informar com especialistas para evitar tais problemas e doenças. Pessoas com sintomas, de outro lado, devem consultar logo um médico ortopedista. Felizmente, grande parte dos casos são superados apenas com remédios e fisioterapia. Só uma minoria necessita de intervenção cirúrgica.
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