matéria publicada na Revista CARAS - Dr.Fabiano Rebouças
Bursite é a inflamação da bursa, uma espécie de bolsa cheia de líquido sinovial existente em várias partes do organismo humano, principalmente nas grandes articulações, isto é, ombros, joelhos, cotovelos, quadril e tornozelos. A função da bursa é evitar que os ossos tenham atrito com os tendões e os desgastem. Também ajuda no deslizamento do conjunto ossos/ligamentos/tendões e protege as pontas dos ossos dos cotovelos, joelhos e tornozelos. Infelizmente, nem sempre a proteção é eficaz. Os ossos atingem os tendões, os ferem ou até os desgastam e aparece a inflamação.
Não há estatística sobre bursite no Brasil. Mas se constata no dia a dia do consultório que o fenômeno é muito comum em especial nos ombros. Manifesta-se igualmente em homens e mulheres. Pode ocorrer a qualquer momento da vida. Algumas das causas mais importantes são:
a) esforços e/ou movimentos repetitivos tanto ao trabalhar ao computador ou dirigir veículos quanto ao praticar atividades físicas;
b) falta de alongamento no dia a dia e também antes de realizar atividades físicas;
c) apoio de articulações por tempo demasiado em uma superfície lisa e dura, como mesa ou o colchão;
d) traumas por acidentes;
e) lesões de tendões e/ou de ligamentos;
f) má postura corporal;
g) moléstias como artrose e reumatismo.
O sintoma inicial é dor de intensidade variável quando a pessoa movimenta a articulação. Pode haver também aumento de volume e da temperatura na articulação e vermelhidão. Nas situações em que já houve aumento considerável de líquido sinovial, o paciente passa a ter dor mesmo em repouso, o que indica um processo inflamatório agudo. Os movimentos articulares, então, ficam limitados. Quando o atrito dos ossos com os tendões dos ombros, por exemplo, persiste por anos seguidos, os tendões podem se romper, o que leva à perda de força e inviabiliza toda a movimentação do braço correspondente. Com isso, claro, as pessoas comuns às vezes são obrigadas a se afastar do trabalho e os atletas, amadores ou profissionais, a interromper as suas atividades.
O ideal, claro, é evitar a bursite. Pode-se fazer isso com algumas atitudes básicas. Faça atividades físicas regularmente. Consulte um médico ortopedista antes de iniciá-las. Não exagere nos exercícios físicos. Faça sempre alongamento antes delas. Incômodos discretos casuais, vale destacar, em geral são normais, por exemplo, após atividades físicas. Em geral se resolvem com a aplicação de uma bolsa de gelo sobre o local. Não houve melhora do quadro ou até se agravou, consulte logo um médico. Se você não tem plano de saúde, como muitos brasileiros, dirija-se a uma Unidade Básica de Saúde.
O diagnóstico inicial é clínico. O médico conversa com o paciente, examina-o até sentindo a temperatura da articulação e a movimenta para ver se já existe restrição. Em caso de dúvida, pode comprovar a doença com radiografia, ultrassom ou ressonância magnética. Os exames servem também para saber a extensão da bursite.
Os casos mais simples de início são tratados com a aplicação de uma bolsa de gelo. Também é importante fazer repouso e não apoiar as articulações em superfícies duras. E combate-se a inflamação com anti-inflamatórios simples ou até com cortisona. Nas situações mais graves, além de tudo isso, usa-se ainda fisioterapia, para diminjuir a inflamação e aos poucos alongar a musculatura e os tendões. Recorre-se à cirurgia nos casos em que a doença, após algum tempo, retorna. Consiste em retirar a bursa, que, felizmente, se forma de novo. E sem a inflamação.
SAÚDE 1048
por Fabiano Rebouças Ribeiro*
* Fabiano Rebouças Ribeiro (CRM-SP 83606 ), mestre em Medicina e Ortopedia pelo Iamspe e ortopedista do Centro Médico Berrini, na capital paulista, é especialista em ombro e cotovelo, preceptor de ensino da Residência Médica do Serviço de Ortopedia do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Ombro-Cotovelo. Site: www.drfabianoreboucas.com.br