matéria publicada na Revista CARAS - Dr.Fabiano Rebouças
Conhecida popularmente como “cotovelo de estudante”, a bursite é uma inflamação comum. Pode ser inflamatória, infecciosa ou traumática. Manifesta-se principalmente em jovens e adultos que estudam ou trabalham muitas horas seguidas apoiados sobre superfícies duras ou naqueles que sobrecarregam o cotovelo em exercícios de esforço repetitivo, como a musculação.
Pequenas bolsas localizadas nas articulações de todo o nosso corpo protegem os músculos e os tendões de atrito com os ossos. São centenas de minúsculas “almofadas” cheias de líquido sinovial atuando como amortecedores. Quando uma dessas bolsas ou bursas, em latim, produz mais fluido que o habitual, provoca a bursite, ou seja, uma inflamação que ocorre principalmente no ombro, cotovelo, quadril, tendão-de-aquiles e joelho.
Uma das queixas mais comuns de bursite é nos cotovelos. Apesar de se manifestar em ambos os sexos, atinje mais os homens. Na ponta posterior dos cotovelos fica a bolsa olecraniana, que, ao ser requisitada demais, inflama como método de proteção. O edema aparece, em geral, repentinamente e só em um dos cotovelos, sendo raro em ambos ao mesmo tempo.
Os sintomas principais são aumento do volume (inchaço na ponta de trás do cotovelo) e dor, que tende a piorar quando o braço é flexionado. Pode ainda haver vermelhidão no local, aumento da temperatura (o cotovelo fica quente) e limitação dos movimentos do braço.
A bursite pode ser inflamatória, infecciosa ou traumática, isto é, por impacto direto -- uma queda sobre o cotovelo, por exemplo. Algumas doenças, como gota (aumento do ácido úrico), artrite reumática e diabetes, também podem causar o edema. Os casos mais comuns são de bursite inflamatória, provocada pelo acúmulo de líquido por estresse repetitivo ou apoio em superfície dura. Nem sempre o paciente apresenta dor associada ao inchaço, calor e vermelhidão no cotovelo.
A bursite séptica ou infecciosa costuma ser a mais agressiva e provoca dor intensa em 80% dos casos. Ocorre devido a um ferimento externo no local ou por uma infecção a distância (em alguma outra parte do corpo humano, que migra para aquela região e se instala no cotovelo).
Em qualquer circunstância, é importante procurar um ortopedista, que pode fazer o diagnóstico pelo exame físico e histórico. O ultrassom e a ressonância magnética podem ser solicitados para checagem do tamanho e local da bolsa; raios X se houver suspeita de calcificações na região, irritando a bolsa; e exame de sangue, em caso de suspeita de infecção ou outras doenças que possam ter causado o inchaço.
Já a punção serve para análise do líquido: se contém sangue (bursite traumática), claro (inflamatória) ou com pus (infecciosa). É também uma forma de tratamento, pois causa o alívio imediato da dor. A punção seguida da infiltração com corticoesteróide pode reduzir a recorrência; mas há sempre o risco de gerar uma infecção.
O tratamento inicial mais indicado é a aplicação de gelo na lesão, além de se enfaixar para proteção e compressão do local, evitando mais acúmulo do líquido. Medicamentos como analgésico e antiinflamatório são prescritos se há dor e antibiótico somente se constatada a infecção. Além, claro, de não forçar o cotovelo e evitar qualquer atrito contra a bursa inchada. A cirurgia só é indicada se o edema for recorrente ou não ceder com os outros tratamentos. Nesse caso, é feita a retirada da bolsa, que se refaz após alguns meses.
O uso de uma cotoveleira para proteger a lesão, alongamentos antes e depois de atividades físicas e correção de postura – sem pressão sobre os cotovelos – ajudam a evitar a recorrência, que é bastante comum.
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