Torcer o tornozelo é muito comum. Atletas profissionais e amadores, jogadores de futebol de fim de semana, dançarinos e até uma pessoa subindo na calçada estão sujeitos a sofrer essa lesão. Mas, apesar de comum, ela requer cuidados e uma avaliação criteriosa.
O que é?
A Entorse do Tornozelo é popularmente conhecida como ‘torção’ de tornozelo. Muito provavelmente você conhece alguém que passou por essa situação – ou você mesmo já sofreu a lesão.
Para compreender o que caracteriza a lesão, é importante ressaltar que o tornozelo é composto por uma estrutura musculoesquelética complexa. Simplificando, ela é composta por três ossos que são revestidos por dois complexos ligamentares, o lateral e o medial, além de tendões, bainhas e músculos.
Essa estrutura ajuda a manter as funções principais do tornozelo: a estabilidade, que evita movimentos anormais da região, e a flexibilidade, que possibilita os movimentos (como caminhar e subir ou descer degraus) e a impulsão.
A Entorse de Tornozelo se dá quando ocorre um movimento anormal do tornozelo, um movimento brusco para fora ou para dentro. A lesão costuma causar estiramento, ruptura parcial ou total dos ligamentos da articulação.
A torção do tornozelo é uma das lesões mais comuns entre esportistas e também na população fisicamente ativa (que anda, dança, realiza exercícios periódica ou esporadicamente, etc).
Quais as causas? Quem é mais afetado?
A maioria dos casos de Entorse de Tornozelo é lateral, de inversão do pé. Isso quer dizer que a lesão mais comum se dá quando o pé vira de maneira anômala para dentro, uma inversão excessiva. Nessa região estão localizados três ligamentos, mas um deles é mais afetado nesse tipo de entorse, o Ligamento talofibular anterior (LTFA).
Apenas 5% das torções de tornozelo se dão por eversão, quando o pé vira para fora. Nessa região fica o ligamento deltoide, que é mais espesso e resistente que os outros citados acima.
Em geral, as Entorses de Tornozelo acontecem quando a pessoa ‘pisa em falso’ e perde a sustentação do pé. Os casos mais graves, têm um mecanismo rotacional do corpo sobre o pé fixo ao solo, e podem levar até a uma fratura complexa.
Apesar de qualquer pessoa ativa poder sofrer esse tipo de lesão, ela ocorre com mais frequência em atletas que se movimentam constantemente utilizando a articulação – jogadores de futebol, vôlei, basquete e handball, por exemplo.
Os graus das lesões e seus sintomas
As lesões ligamentares resultantes de Entorse de Tornozelo são classificadas em três graus.
O primeiro, Grau I, engloba lesões leves. Nesses casos, ocorre um estiramento ligamentar com dano mínimo. O paciente pode sentir um pouco de dor na região e apresentar leve inchaço. Não ocorre perda de estabilidade mecânica.
O Grau II é composto pelas lesões ligamentares parciais. A dor é um pouco mais intensa, assim como os edemas e inchaço. A articulação fica instável e é mais difícil mover a região.
Quem apresenta uma lesão de Grau III teve ruptura ligamentar completa. A dor no tornozelo, hipersensibilidade e o edema ficam muito mais intensos e ocorre a perda de função articular. Geralmente, o paciente não consegue andar, nem apoiar o pé por causa da instabilidade.
Diagnóstico
O diagnóstico do grau e ligamento afetado em caso de Entorse de Tornozelo costuma ser realizado já na consulta com o médico especialista. Ele deve pedir o relato do trauma que ocasionou a lesão, além da lista dos sintomas. Durante a consulta, o médico também faz o exame físico com a palpação da região acometida e realizar outros testes, com o “teste da gaveta”, que já pode fechar o diagnóstico ligamentar.
Como a Entorse de Tornozelo pode estar associada à Fratura de Pé ou mesmo do próprio Tornozelo, é comum que o especialista solicite uma radiografia para descartar ou constatar essa possibilidade.
Se necessário, o paciente pode realizar uma ressonância magnética para avaliar mais a fundo a lesão ligamentar.
Tratamento
A Entorse do Tornozelo costuma responder bem ao tratamento convencional. O método RICE é bastante utilizado para tratar os casos. A sigla em inglês consiste em: Rest (repouso), Ice (gelo), Compression (compressão) e Elevation (elevação). Também é comum a imobilização do tornozelo por tala ou bota com suporte de muletas em alguns casos.
O médico pode receitar anti-inflamatórios e recomendar fisioterapia para auxiliar na reabilitação, trabalhando exercícios de força e estabilidade (proprioceptivos).
O prazo para recuperação com tratamento convencional pode variar de um a três meses, dependendo da gravidade do caso.
Alguns poucos casos recebem indicação cirúrgica, em geral em atletas que sofreram danos muito fortes ou pacientes de Grau III que não responderam a nenhum outro tipo de tratamento.