O que é?
O lábio ou labrum é uma estrutura fibrocartilaginosa que envolve a articulação do quadril (acetábulo) como um anel, auxiliando na flexibilidade e estabilidade dos movimentos, como ao caminhar ou durante esportes. É deste lábio que se originam os ligamentos femorais. A lesão do lábio do quadril ocorre quando há algum trauma na cartilagem/ligamentos ou também lentamente, com o desgaste normal que ocorre com o tempo.
Quais os sintomas?
Os sintomas mais comuns da patologia são a dor na virilha, que pode migrar para o joelho ou para a região lateral da coxa, estalidos no local, limitação dos movimentos e rigidez durante as primeiras horas do dia após se levantar. Durante a noite, o paciente pode sentir mais dor ou desconforto, pois o corpo fica mais relaxado e perceptível a dores. O diagnóstico para a lesão labial do quadril é um tanto complexo pois os sintomas também são comuns a outras doenças ou lesões, como hérnia inguinal do abdômen, artrose do quadril ou lesão na virilha.
Quais as causas?
Existem dois tipos de causas que podem contribuir para o desenvolvimento de uma lesão no lábio do quadril: as traumáticas (mais comuns) e as degenerativas. A primeira é comumente encontrada durante esportes de alto impacto, é o caso do tênis, futebol ou mesmo artes marciais. Um caso muito famoso no mundo do esporte foi o do tenista Gustavo Kuerten, o Guga, que sofreu uma lesão no lábio do quadril e não conseguiu se recuperar completamente mesmo com cirurgia, fato que o fez se aposentar da carreira esportiva.
Outras lesões traumáticas que também podem desenvolver lesão no lábio do quadril são quedas ou mesmo tropeços, que podem ocorrer a qualquer momento durante os movimentos, como ao andar ou descer escadas e também acidentes onde o quadril tenha sido lesionado. Esses traumas são muito comuns durante a velhice, onde as pessoas costumam ter mais dificuldade de se locomover e menos equilíbrio.
Por fim, a última opção de lesão traumática é a decorrente do Impacto Femoroacetabular (IFA), que é motivada por uma proeminência óssea na cabeça do fêmur que lesiona o lábio. Outra opção decorrente do IFA é o crescimento anormal do acetábulo, que prejudica os movimentos e lesiona toda a articulação, incluindo os ligamentos e ossos.
Já nas causas degenerativas, temos o desgaste que ocorre com o tempo e fragiliza a articulação, muito comum nos idosos. E por fim os impactos crônicos e intensos, como nos primeiros estágios da artrose de quadril, que fragiliza as estruturas da articulação e aumenta o impacto entre os ossos durante os movimentos.
Como é feito o diagnóstico?
No intuito de auxiliar o ortopedista especialista em quadril na hora de descobrir qual é o diagnóstico, é recomendável que o paciente prepare três pequenas anotações, são elas: uma pequena lista com os sintomas sentidos, um breve relato sobre a rotina diária do paciente e o histórico de saúde familiar e pessoal. Dessa forma, o médico pode descartar ou incluir doenças que coloquem o paciente no grupo de risco.
Após a consulta clínica e análise dos dados obtidos com o paciente, o médico deve então dar início ao exame físico, onde ele vai analisar o local da dor e os movimentos de rotação e flexão do membro inferior do paciente. O ortopedista pode pedir que ele realize alguns exames de imagem, como radiografias ou ressonância magnética, para verificar a anatomia das estruturas ósseas e ligamentares.
Quais os tratamentos mais indicados?
Existem dois tipos de tratamento indicados para a lesão labial do quadril: o tratamento conservador, indicada para os casos menos graves e sem a necessidade de operação, e o tratamento cirúrgico, indicado para os casos mais graves, onde já há o comprometimento da articulação.
A primeira opção é composta do uso de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios, sessões de fisioterapia para fortalecer a musculatura local, repouso e, se necessário, afastamento do trabalho de acordo com a opinião médica. Em todo o caso, outras duas atitudes podem ser tomadas, como o uso de muletas para auxiliar na mobilidade e evitar colocar a perna lesionada no chão ou a infiltração de corticoides, feita por meio de injeção local no intuito de aliviar a dor e possível inchaço ou edema no local.
Já na segunda opção, que é o tratamento cirúrgico, uma das operações mais usadas é a artroscopia do quadril, que é uma operação minimamente invasiva, que é constituída por três pequenos cortes onde por um passa uma microcâmera que avalia com maior eficácia as estruturas internas, e nos outros dois cortes passam os instrumentos necessários para o procedimento. No caso da lesão labial do quadril, o intuito da cirurgia é retirar a parte lesionada ou, se possível, apenas repará-la.
Informações de recuperação e tratamento
Após a cirurgia, é importante o paciente andar com o auxílio de muletas e ficar em repouso para permitir que as estruturas se recuperem com maior eficácia. Mas cuidado, ficar muito tempo em repouso pode ser prejudicial também, podendo atrofiar a musculatura. Para isso, o paciente deve iniciar sessões de fisioterapia que fortaleçam os músculos, melhorando a mobilidade. O tempo de recuperação e retorno ao esporte ou as atividades normais depende de cada caso, mas em pacientes saudáveis pode variar de dois a três meses.