O que é
A discinesia escapular caracteriza-se por uma condição médica em que a escápula (antigamente chamada de “omoplata”), o osso triangular das costas, responsável por permitir movimentos e posições para o uso dos membros superiores, apresenta alguma alteração de mobilidade e dificulta que aconteça a função da articulação, muitas vezes ocasionando dor e fraqueza no ombro e na própria escápula.
Os movimentos das escápulas acontecem em três níveis: o sagital, que é a inclinação anterior e posterior; o frontal, caracterizado pela rotação; e o transverso, que é a rotação interna e externa. Qualquer alteração em um desses movimentos, independente da causa, é nomeada de discinesia da escápula.
A doença pode causar incômodos bastante inoportunos como dor no ombro e dificuldade para realizar movimentos simples, como pegar objetos ou fazer ações cotidianas que envolvam o movimento da região. Esse tipo de condição é bem comum, principalmente em pessoas que praticam atividades esportivas que têm como característica a repetição de movimento dos membros superiores.
Possíveis causas
Existem várias razões para o surgimento da discinesia da escápula. As alterações mais graves da escápula são causadas, geralmente, por lesões de nervos específicos. Entre as principais causas, é possível destacar:
- Danos neurológicos (principalmente do nervo torácico longo);
- Lesões e traumas no local;
- Má postura (muito tempo com os membros suspensos por exemplo);
- Falta de capacidade motora (sequela de AVC por exemplo);
- Encurtamentos e desbalanceamentos musculares e/ou ligamentares;
- Tendinites e bursites de repetição (acabam forçando mais a escápula);
Diagnóstico
Ao sentir incômodo e dificuldade nos movimentos, o paciente deve procurar um médico ortopedista especialista em ombro, que poderá fazer o diagnóstico correto da discinesia escapular.
Ao exame físico, é possível notar que a escápula doente se move diferente do lado oposto, quando solicitado para o paciente elevar os braços para o alto. Geralmente ela se levanta como se fosse uma “asa”, bem rapidamente, daí o nome de “escápula alada”.
Depois de exames clínicos e, possivelmente, até mesmo de exames de imagem e/ou eletroneuromiografia, será indicado o melhor tratamento para o caso específico a ser tratado.
Após os exames e antes de passar o tratamento adequado, o médico ortopedista especialista em ombro irá averiguar qual a causa do problema. Afinal, se o problema for de origem neurológica, o tratamento será aplicado de forma diferente do que se ele for procedente de um desequilíbrio muscular, por exemplo.
Tratamento
O tratamento para a discinesia escapular envolve algumas opções, baseadas na gravidade de cada caso. Apesar de a doença ocasionar dor no ombro, um dos tratamentos é fundamental, independentemente da causa da discinesia escapular: fortalecer e ativar os músculos periescapulares (romboides, elevador da escápula, latíssimo do dorso e o trapézio). Com sessões de fisioterapia, o paciente terá uma melhora na relação tensão-alongamento e isso irá aliviar uma série de problemas. Porém, cuidados devem ser tomados durante o fortalecimento. O objetivo deve ser a melhora da condição do paciente, por isso o acompanhamento de um especialista torna-se essencial neste momento.
Além da melhoria na força, também é fundamental que as escápulas possam se movimentar sem que o paciente sinta dificuldade e limitação. Por isso, é preciso melhorar a flexibilidade e a mobilidade do local e o recomendado para isso são alongamentos pensados especificamente para o caso de cada paciente.
O controle sobre os movimentos escapulares é, para a maioria das pessoas que sofre com a condição médica, algo bastante difícil e doloroso. Então, atrelado ao fortalecimento e melhora da mobilidade, é indicado também trabalhar o controle muscular do paciente. Esta melhoria é feita de forma integrada, na maioria dos casos. Quando o objetivo é melhorar a discinesia escapular, movimentos unilaterais e de conscientização são importantes para obter melhoras significativas no tratamento.
O uso de órtese é recomendado, caso seja diagnosticado o desprendimento entre a escápula e a caixa torácica. Já as intervenções cirúrgicas são realizadas apenas em casos graves, nos quais os nervos torácico ou espinal estão prejudicados (normalmente associados a lesões neurológicas).
O tratamento da discinesia da escápula é importantíssimo para trazer mais funcionalidade e melhorar a qualidade de vida do paciente, principalmente por conta da dor e limitação funcional secundária no ombro. Por isso, recomenda-se, periodicamente, passar por um bom médico ortopedista especialista em ombro, que conseguirá fazer o acompanhamento de cada caso e a evolução do quadro clínico.