O que é?
Para entender melhor a Tenossinovite de De Quervain é preciso lembrar o que é o tendão e qual sua função. Basicamente, o tendão é uma estrutura fibrosa que liga o osso ao músculo auxiliando no desenvolvimento dos movimentos, como se fosse um elástico que possibilita o deslocamento das outras regiões.
Indo do antebraço em direção aos dedos polegares das mãos, estão presentes, entre outros, dois músculos e seus tendões: o abdutor longo e o extensor curto do polegar. Juntos, eles são responsáveis por capacitar o movimento de abdução do dedão, que consiste em afastar/abrir o dedo.
Alguns tendões do corpo são recobertos por uma membrana chamada de bainha tendínea, que cria uma espécie de túnel para que o tendão deslize mais facilmente, caso do abdutor longo do polegar e do extensor curto do polegar – no lado do punho.
Quando acontece a inflamação e o espessamento (engrossamento) dessa bainha tendínea e os tendões ficam comprimidos por falta de espaço, ocorre a Tenossinovite de De Quervain. O termo tenossinovite significa exatamente a inflamação do revestimento dessa bainha.
A condição também é conhecida como Síndrome de De Quervain ou Tendinite De Quervain e recebeu a nomenclatura em homenagem ao cirurgião suíço Fritz De Quervain que estudou e apresentou os casos no final do século XIX, em 1985.
Quais as causas? Qual grupo é mais afetado pela Tendinite De Quervain?
Os casos de Tenossinovite de De Quervain costumam ser associados ao excesso de uso da área. Pessoas que digitam com grande frequência ou que praticam esportes que requerem movimentos repetitivos da região, como golfe ou tênis, podem apresentar a Tenossinovite de De Quervain. Por isso, a condição é conhecida como uma DORT, Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho.
Alguns trabalhos manuais que sobrecarregam a região também podem estar ligados ao desenvolvimento da doença, como o crochê e costura.
Apesar de ser comumente ligadas a essas situações, não existe ainda comprovação de que a sobrecarga seja, exclusivamente, a causa da Tenossinovite de De Quervain. Isso ocorre porque os primeiros estudos da doença mostraram que ela atingia em maioria mulheres que, na época, não realizavam atividades profissionais de repetição.
Ainda hoje, a prevalência da doença é em pacientes mulheres. Em cada 11 casos de Tenossinovite de De Quervain, 10 são em pessoas do sexo feminino. Nessa gama também estão inclusos os casos que ocorrem durante o puerpério por conta das alterações hormonais atrelados à necessidade de carregar e transportar o bebê com as mãos cotidianamente.
Sintomas
No início da Síndrome de De Quervain é comum que o paciente sinta uma dor fraca na lateral do dedo polegar, na altura do punho (região do primeiro compartimento extensor). Com o avanço da condição, a dor pode irradiar para o antebraço.
Conforme a Síndrome de De Quervain avança, o paciente pode ter dificuldades para pegar e segurar alguns objetos, como xícaras ou canetas, e ter a sensação de que o tendão trava quando mexe o dedo polegar.
Também é possível sentir o inchaço (tumefação) na região onde se localizam os tendões e as bainhas tendíneas.
Diagnóstico
Quando o médico suspeita de Tenossinovite de De Quervain, após avaliar os sintomas descritos pelo paciente, o mais comum é realizar o teste de Finkelstein. Ele consiste, basicamente, em pedir para o paciente apoiar o cotovelo em uma superfície, fechar o polegar no meio da mão e fechar os outros dedos ‘escondendo’ o polegar. Depois, realizar um movimento para frente analisando se há presença de dor na região do pulso que vai em ‘direção’ ao polegar, na tabaqueira anatômica.
O positivo para o teste de Finkelstein costuma já ser o suficiente para o diagnóstico, mas o médico pode ainda solicitar uma ultrassonografia para confirmar a Síndrome de De Quervain e para descartar outras doenças, como Artrose. Se houver suspeita de Fratura de Rádio, que se dá na mesma região, o especialista pode solicitar também uma radiografia.
Tratamentos
Assim como em outros casos de Tendinites, o tratamento da Tenossinovite de De Quervain se dá pela união de descanso da região (não realizar atividades repetitivas que utilizam os tendões), que pode se dar com o uso de órtese ou não, uso de medicamentos (anti-inflamatórios e analgésicos) e exercícios com um fisioterapeuta.
Em alguns casos, pode ser indicadas injeções de corticosteroides e/ou sessões de acupuntura.
Os casos mais graves, quando a dor não responde ao primeiro conjunto de tratamentos, podem ser encaminhados para a cirurgia. Nesses casos, os médicos liberam a pressão causada pela bainha para que os tendões consigam se movimentar livremente.
A operação ocorre com anestesia local e costuma apresentar recuperação rápida e sem agravamentos. O paciente deverá permanecer com a região imobilizada por uns dias, tomar os medicamentos prescritos e realizar uma série de exercícios para fortalecer o local.