O que é?
‘Displasia do Desenvolvimento do Quadril’ é o termo médico utilizado para designar alguma alteração na formação da estrutura do quadril. O diagnóstico precoce, ideal entre o nascimento do bebê e os seis primeiros meses de vida, é extremamente importante para os resultados do tratamento.
Antigamente, a Displasia do Desenvolvimento do Quadril era conhecida como luxação congênita do quadril. A terminologia foi mudada para abranger melhor todas as alterações anatômicas que podem ocorrer no quadril, passando pela displasia, subluxação e luxação.
Na linguagem popular-não médica, pode-se dizer que a Displasia do Desenvolvimento do Quadril é uma alteração que faz com que o osso do fêmur não esteja corretamente encaixado no quadril. Com a cabeça do fêmur fora da articulação, o acetábulo (osso da bacia) não se desenvolve e fica “raso” (displasia). Com o passar do tempo, fica cada vez mais difícil de se reencaixar os ossos.
Quais as causas?
Não existe uma causa específica descrita para a Displasia do Desenvolvimento do Quadril, mas é possível observar a presença de alguns fatores de risco nas crianças que apresentam a condição:
- histórico familiar;
- bebês brancos e do sexo feminino;
- associação com deformidades nos pés (metatarso varo) ou na coluna vertebral;
- crianças primogênitas (primeiro filho da mulher);
- posição uterina (em especial bebês que permanecem sentados durante toda ou grande parte da gestação);
- fatores hormonais ou sindrômicos;
- peso alto do bebê no final da gestação e nascimento.
Sintomas e Diagnóstico
Os recém-nascidos e bebês que possuem Displasia do Desenvolvimento do Quadril não costumam apresentar sintomas perceptíveis aos pais ou pessoas próximas. É possível, eventualmente, sentir e escutar um “clique” do quadril quando se está trocando a fralda ou mudando a posição do bebê, mas isso não caracteriza claramente um sintoma da condição.
A melhor maneira para diagnosticar a Displasia do Desenvolvimento do Quadril é manter um calendário de acompanhamento regular com o médico pediatra. Isso porque nas consultas periódicas, o pediatra realiza dois exames no bebê que indicam se há alguma alteração na formação da estrutura do quadril.
O primeiro exame é a Manobra de Barlow, que identifica uma instabilidade no quadril (mesmo que ele pareça encaixado, ao realizar a manobra o médico percebe se a região é instável). A segunda manobra é chamada Manobra de Ortolani, que indica uma luxação. É importante ressaltar que as duas manobras são executadas rapidamente (por meio de movimentos de abdução e adução das pernas) e não causam dor nenhuma no bebê.
Pelas manobras, já é possível identificar se a criança tem Displasia do Desenvolvimento do Quadril e iniciar o tratamento. O pediatra pode também solicitar uma radiografia e ultrassonografia para complementar o diagnóstico e acompanhar o tratamento.
A observação de assimetria das pregas (dobrinhas da pele) e do comprimento dos membros inferiores também são sinais típicos.
Além disso, se o bebê estiver no grupo de risco e não for positivo para as manobras, o pediatra pode realizar o ultrassom para descartar a possibilidade de um encaixe não muito bem desenvolvido do quadril – que não se enquadra nos casos apresentados por Barlow e Ortolani – e que pode, se não tratado, evoluir para uma luxação no futuro.
Essas manobras também são realizadas frequentemente nas maternidades, assim que os recém-nascidos recebem os primeiros cuidados.
Importância do Diagnóstico Precoce
A Displasia do Desenvolvimento do Quadril é mais facilmente diagnosticada logo no começo da vida. As Manobras de Barlow e Ortolani deixam de apresentar resultados com o passar do tempo, tornando a descoberta da condição mais tardia e complicada. Quanto mais perto da idade do Desenvolvimento da Marcha, mais difícil será a correção das alterações.
O diagnóstico precoce também é muito importante porque o tratamento apresenta resultados mais satisfatórios (em aproximadamente 96% dos casos) quando realizado logo no começo da vida.
Tratamento
O objetivo central do tratamento da Displasia do Desenvolvimento do Quadril é manter o quadril na posição correta (encaixado). O método aplicado vai depender do diagnóstico e da idade da criança.
Em geral, do nascimento até os três meses, o tratamento é por meio de aparelhos ortopédicos, como o Suspensório de Pavlik. A órtese vai realizar a função de colocar o corpo “no lugar”, encaixando o quadril. Após os três meses, o tratamento pode incluir engessamento (gesso por um período determinado) seguido do uso de uma órtese específica.
Quando o diagnóstico é realizado depois que a criança começa a andar, o método de tratamento vai depender da avaliação médica. Podem ser realizadas tentativas semelhantes às descritas acima ou o encaminhamento imediato para a cirurgia, a fim de estabilizar o encaixe do quadril.
Quanto mais precocemente a Displasia do Desenvolvimento do Quadril for realizada, menos invasivos são os tratamentos e com maior chance de sucesso.
Vale lembrar também que parte dos recém-nascidos que apresenta uma alteração pequena no quadril, tem o encaixe estabilizado de maneira natural com o crescimento, sem necessidade de tratamento específico. Estes casos necessitam de acompanhamento cuidadoso.