O que é?
Também conhecida pelo nome de tenossinovite estenosante, o “dedo em gatilho” é uma patologia que afeta os tendões flexores – que realizam os movimentos de dobra – dos dedos da mão. Ela ocorre quando há uma inflamação no tendão e desencadeia o que chamamos popularmente de dedo no gatilho, pois ele fica contraído mesmo quando o paciente tenta desdobrá-lo, por conta do estreitamento da bainha/polia por onde ele passa.
O que é um tendão?
Os tendões são como cordas ou elásticos resilientes e têm a função de ligação entre os músculos e os ossos, realizando a movimentação das articulações do nosso corpo. Um dos mais famosos, é o Tendão de Aquiles, outrora chamado assim por conta do mito grego e hoje chamado de tendão calcâneo. Na mão funcionam como uma “conexão” entre os músculos flexores dos dedos e os ossos dos dedos (falanges), e são responsáveis pelos movimentos de flexão. No caso de nossas mãos, cada dedo tem seus tendões, e cada tendão está sujeito a sofrer de inflamação.
Quais as causas?
A tenossinovite estenosante possui um leque de causas que aumentam a chance de um indivíduo desenvolver a doença, sendo a mais comum os movimentos repetitivos e intensos com os dedos, pois sobrecarregam os tendões e a bainha por onde eles passam, permitindo sua inflamação. Outras causas estão relacionadas, como fatores genéticos e outras patologias que desenvolvem ou estão ligadas ao dedo em gatilho, como diabetes, hipotireoidismo, artrose e infecções como tuberculose ou artrite reumatoide.
Quem faz parte do grupo de risco?
Homens e mulheres podem desenvolver a doença, mas elas estão mais sujeitas a desenvolver a patologia, pois possuem tendões mais frágeis e estão constantemente sujeitas a desníveis hormonais. Crianças, adultos e idosos estão sujeitos a desenvolver a doença.
Entre as profissões: músicos, jornalistas, cozinheiros, escritores e outros profissionais que realizem movimentos repetitivos com mãos e dedos podem desenvolver o dedo em gatilho. Vale lembrar que pessoas empenhadas em ações frenéticas de digitar muito em aparelhos eletrônicos como notebooks, celulares ou tablets também podem desenvolver a condição. Jovens “gamers” também estão sujeitos por conta da agilidade em digitar e movimentar as mãos.
Quais são os sintomas?
Existem vários sintomas, mas o principal deles é o dedo flexionado ao máximo, como se estivesse justamente engatilhado. Eles são muito parecidos como uma tendinite normal no pulso ou mão, compostos por dor nos dedos afetados, podendo irradiar para a palma da mão; edema (inchaço) no local; formigamento; rigidez que costuma se manifestar nas primeiras horas do dia; e o doloroso estalido no dedo afetado quando o indivíduo força-o a esticar, que ocorre por conta de forçar o tendão a passar pelo canal estreito.
Como é feito o diagnóstico?
O exame físico é muito importante para o tratamento, pois é nele que o ortopedista especialista em mãos vai identificar a doença. Para auxiliar o médico, o paciente deve fazer uma breve narrativa de como os sintomas começaram, um pequeno relato do histórico médico da família e do paciente, além de contar sobre sua rotina; dessa forma o ortopedista pode descartar a possibilidade de outras patologias.
A partir disso, o médico segue a análise dos dados e inicia então o exame físico, onde ele vai pedir para o paciente realizar uma série de movimentos. A palpação da base dos dedos durante o movimento, geralmente é doloroso, e pode-se perceber um aumento do volume no local. Se ainda assim for impossível determinar o diagnóstico, o ortopedista pode pedir exames como uma ultrassonografia para avaliar as articulações e os tendões. Radiografias são necessárias para descartar outros problemas.
Determinado o diagnóstico, como é feito o tratamento?
Com o diagnóstico certeiro, o médico então vai decidir pela melhor opção de tratamento, que deve ser indicada de acordo com o grau de obstrução e lesão do tendão. As opções são divididas entre tratamento conservador (não cirúrgico) – e cirúrgico.
No primeiro, o ortopedista deve recomendar ao paciente repouso da articulação e muitas vezes afastamento do trabalho. Há ainda a chance de o médico receitar medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios, bem como sugerir sessões de fisioterapia, uso de uma tala ortopédica e sessões de compressas de gelo de no máximo 15 minutos por quatro vezes ao dia.
Já no segundo, que é indicado para os casos onde o tratamento conservador não funcionou, podem ser indicados dois tipos de cirurgia, a tenólise, que é a mais usada e visa destravar os tendões por meio da retirada de aderências causadas pela inflamação, o que libera a bainha sinovial (polia). A outra opção é a liberação percutânea, que é indicada para cortar a polia que está travando o tendão. Ela é menos utilizada pois não dá uma visão direta dos tendões e das articulações.
Informações sobre reabilitação
Ambas as cirurgias são realizadas com anestesia local ou de bloqueio, menos em crianças, onde a anestesia geral é imprescindível por conta da pouca idade. Logo que ele for liberado do hospital, o paciente deve iniciar a fisioterapia leve para fortalecer a musculatura dos dedos e da mão. Os pontos podem ser retirados no prazo de sete a dez dias, mas a completa reabilitação deve vir entre dois a três meses, dependendo das características do paciente. Lembrando que tudo deve ser indicado e explicado pelo médico.