O que é?
A palavra rigidez designa algo que não é flexível, que é duro. E é justamente isso o que acontece quando uma pessoa apresenta Rigidez do Cotovelo: ele enrijece por alguma razão e a movimentação do antebraço fica limitada, causando a sensação de cotovelo travado.
O cotovelo é uma articulação em dobradiça, capaz de realizar movimentos de “abrir e fechar”. Por conta disso, o ser humano pode dobrar (flexão) e esticar (extensão) o antebraço. Em geral, a movimentação varia de 0 grau, quando o braço está completamente esticado, a 145 graus, quando está totalmente dobrado.
No entanto, uma pessoa não utiliza toda essa amplitude de flexão para realizar movimentos no dia a dia. As atividades mais comuns, como se alimentar, arrumar a cama e escovar os dentes, são executadas entre 30 e 130º. Esse espaço é conhecido como Arco Funcional de Movimento do cotovelo.
Se a Rigidez do Cotovelo acontecer antes dos 30º e depois dos 130º, ela pode ser considerada leve e não tão prejudicial para o paciente. Se a falta de flexibilidade ocorrer dentro do Arco Funcional de Movimento a situação fica mais complicada, já que as funções básicas do cotidiano passam a ser comprometidas pela redução da mobilidade.
Quais as causas?
A principal causa da Rigidez do Cotovelo costuma ser o trauma, a Fratura do Cotovelo, a Luxação do Cotovelo ou as duas associadas. Na realidade, o problema não é a própria fratura ou luxação, mas sim o que acontece em decorrência dessas situações. O tempo de imobilização prolongado também pode favorecer o enrijecimento da articulação.
A má calcificação pós-fratura, por exemplo, pode resultar na Rigidez do Cotovelo por não devolver o “formato” correto ao osso. Lesões nos tecidos moles que revestem a articulação também podem levar à Rigidez do Cotovelo. A fibrose é uma dessas situações, bem como Artrose e lesões na cartilagem. Muitos casos ocorrem por uma combinação desses fatores.
A Rigidez do Cotovelo recebe duas classificações: extrínseca, quando tem origem na cápsula articular, nos ligamentos ou nos músculos, e intrínseca, quando ligada à fratura e lesão de cartilagem.
Sintomas
O principal sintoma da Rigidez do Cotovelo é a limitação dos movimentos com sensação de cotovelo travado. Alguns casos podem ser acompanhados de dor no cotovelo ou em outras regiões, como pulso e pescoço. Isso acontece porque o resto do corpo precisa fazer um esforço extra para compensar a falta de movimentação do cotovelo.
Os casos mais frequentes se dão pela dificuldade para esticar o antebraço, mas a Rigidez do Cotovelo também aparece na hora da flexão ou em um misto das duas situações.
Diagnóstico
O diagnóstico correto da Rigidez do Cotovelo é essencial para um bom tratamento.
A rigidez pode surgir em decorrência de alguma outra lesão e ser temporária, como em um tratamento pós-fratura, por exemplo. Além disso, ela pode ser confundida com alguma outra perda de mobilidade, como nos casos de Epicondilite Lateral e Epicondilite Medial, que têm por sintoma a dificuldade de movimentação.
Por conta desses motivos citados acima, é bastante importante observar os sintomas e procurar o auxílio de um ortopedista para obter o diagnóstico assertivo.
O médico ortopedista realiza uma série de testes no consultório para avaliar a amplitude de movimentos do cotovelo, além de fazer diversas perguntas para o paciente sobre a mobilidade. Depois, o comum é pedir exames de imagem (radiografia, ressonância magnética e tomografia computadorizada) para concluir o diagnóstico e identificar qual lesão causou a rigidez.
Tratamentos
A indicação de tratamento vai depender de diversos fatores, entre eles a causa, a perda dos movimentos e a necessidade e a condição do paciente.
Os casos de Rigidez do Cotovelo recentes, com menos de quatro meses, e com perda baixa de mobilidade costumam receber indicação de tratamento conservador. Em geral, nessas situações o paciente pode utilizar uma órtese, de acordo com a indicação médica, e realizar sessões de fisioterapia.
Não é possível afirmar que esses tratamentos vão devolver os movimentos em amplitude total. A motivação e esforço do paciente são essenciais, mas existem casos em que a reversão ocorre apenas parcialmente.
Os casos mais complicados, com maior Rigidez do Cotovelo e grande perda de movimentos, ou que não obtiveram sucesso no tratamento convencional podem ser indicados para a cirurgia. O objetivo aqui é reestruturar a articulação para que ela possa voltar a realizar os movimentos. O procedimento pode ser realizado em cirurgia aberta ou por artroscopia.
O pós-operatório é longo. É preciso imobilização forçando e extensão ou flexão, uso de órteses, fisioterapia e muita paciência, já que a capacidade de realizar as tarefas diárias fica ainda, inicialmente, limitada. Também não há como prever com exatidão quanto da flexibilidade o paciente vai recuperar, mas se o tratamento for seguido corretamente as previsões costumam ser positivas.
A prevenção da Rigidez do Cotovelo é feita sempre com mobilizações precoces, seja em casos pós-operatórios, seja em casos de luxações simples ou mesmo contusões.